Detalhe do quadro "O beijo" de Di Cavalcanti, |
— Posso lhe roubar um beijo?
"Assim, já não é roubo" — pensou.— "Um contraponto perfeito a Paulo. Ele teria roubado o beijo com violência. Uma violência ditada pelo desejo".
Infelizmente, não parara no desejo. O ciúme. As dores que ainda sentia da última briga antes de se separarem.
Diante dela agora estava Roberto. Tímido e romântico. Desejo contido. Amor delicado. Sem violência. Nem a do desejo. Só lhe bateria com uma flor. E pediria antes.
— Não! — respondeu brava. —Eu é que vou roubar-lhe um beijo! E mais! Vou arrancar-lhe a roupa, exigir que rasgue a minha, e rolar pelo chão, fazendo amor aqui, no meio do parque!
O rapaz olhou-a assustado, enquanto ela iniciava o estupro, ali mesmo, num domingo ensolarado, diante do olhar atônito de uma centena de passantes.
Alvaro 2006
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