"White Buffalo Calf Woman brings the gift
of the sacred pipe to honor all of creation. She then turns into a white buffalo and returns to her people .." (public domain) |
Estou andando numa planície gelada. Meus pés afundam na neve fofa. Ando com dificuldade. Eu e meu companheiro estamos com a missão de trazer alimento para a tribo. Há dias que andamos nesta planície e as únicas pegadas que vemos são os nosso próprios passos. O vento frio corta nossos rostos. No alto da montanha então vemos um grande búfalo branco. Ao alcance de uma flecha.
Meu companheiro se apressa e em montar o arco. Está pronto para disparar quando uma lembrança me faz detê-lo. Gritei-lhe:
– Aquele é o Grande Búfalo Branco, o animal sagrado de nossa tribo. Não podemos matá-lo ainda que toda nossa tribo pereça.
Meu amigo ficou furioso. Sou obrigado a contê-lo à força. O Búfalo apenas observava a luta.
Então, por de trás do nobre animal, surge uma belíssima mulher, vestida de branco. Prostro-me na neve mas meu companheiro a olha maravilhado. Percebo o seu desejo, mas, da mesma forma que o búfalo, ela não deve ser tocada. Mais uma vez tenho que contê-lo. Com um gesto ela o faz dormir.
E, então, fala:
– Você é sábio. Respeita o que é sagrado. Ande mais um pouco e encontrará uma manada de búfalos. Mate apenas três animais. Escolha três machos adultos e poupe o líder do bando. Contenha seu amigo. Ele ainda não tem a sabedoria necessária para compreender.
Logo a seguir, tanto ela como o búfalo branco desaparecem. Acordo meu amigo. Ele, ainda meio tonto, comenta:
– Tive um sonho muito estranho. Vi um grande búfalo branco, mas você não me deixou matá-lo. Depois apareceu uma belíssima mulher e você não me deixou aproximar-me dela.
– Você não sonhou – respondi. Não era qualquer Búfalo, nem qualquer Mulher. Fomos visitados pelo Grande Búfalo Branco e pela Guardiã da Floresta. Ela nos disse onde podemos encontrar caça em abundância, mas limitou nossa caçada a três machos adultos.
Meu amigo ainda se mostrou incrédulo. Sabia que deveria mais uma vez mantê-lo sobre controle quando encontrássemos a manada. Mas um dia ele aprenderia.
Alvaro 2004
2 comentários:
Legal! Eu curto a sabedoria dos nativos americanos, tanto que usei no meu livro "O Castelo das Águias", como expliquei na entrevista ao blog da editora.
http://blog.editoradraco.com/2012/09/top-5-ana-lucia-merege/
Curto recontos tradicionais também. É legal saber que alguém partilha isso.
Grato pela visita Ana. Seja Bem Vinda. Vou dar uma passeadinha nos seus blogs.
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