Um homem foi aconselhado a praticar caridade e, todos os dias, dava um a moeda a um mendigo. Um monge, vendo isto, o criticou:
— Você não está praticando caridade nenhuma. Se der uma moeda a este homem, ele vai gastá-la bobamente e não sairá jamais desta vida!
No dia seguinte encontrou com o mendigo e ia dar-lhe a moeda mas hesitou, parando com a moeda a alguns centímetros da mão do pedinte. O homem pobre, percebendo que alguma coisa estava errada perguntou:
— O que houve?
— Me disseram que se eu lhe der a moeda, estarei fazendo um mal e não um bem. Por outro lado, quero continuar fazendo caridade.
O pedinte pensou um pouco e disse:
— Então vamos jogá-la num cara e coroa. Esta moeda contra outra moeda igual, que recebi hoje.
— Não me parece justo eu tomar-lhe o seu dinheiro!
— Talvez eu esteja merecendo perder a moeda ou você ganhá-la. Deixemos que os deuses decidam. Assim sua consciência ficará mais livre.
O homem pensou um pouco e aceitou a proposta.
O mendigo pegou a moeda e disse:
— Coroa você ganha e cara eu perco.
O homem olhou meio surpreso, meio indignado:
— Você está fazendo pouco de mim! Assim você perderá sempre!
— Pelo contrário! Você fica apenas com duas chances e eu fico com todas as outras. E eu insisto que seja assim!
— Que outras?
— Por exemplo um corvo voando poderá pegá-la no ar levá-la para seu ninho.
Pensando que o mendigo podia ser louco, o homem aceitou. O mendigo lançou a moeda no ar, de um jeito peculiar. Ela girou, cai no chão, girou por alguns segundos e parou em pé.
— Você não perdeu nem ganhou. Então a moeda é minha — disse o mendigo, pegando a moeda do chão.
O homem ficou atônito. O mendigo jogou novamente a moeda no ar, do mesmo jeito que fizera antes. Enquanto ela ainda estava no alto, ele falou ao homem:
— Entre o preto e o branco há o cinza e além do cinza existem todas as cores.
A moeda caiu e o mendigo, abandonando a moeda no chão, foi embora, rindo. Ela caíra em pé pela segunda vez.
A moeda caiu e o mendigo, abandonando a moeda no chão, foi embora, rindo. Ela caíra em pé pela segunda vez.
Álvaro 2005/2012
imagem: (papiro zen) Fukurokuju - Sengai
imagem: (papiro zen) Fukurokuju - Sengai
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