Ele vestiu sua roupa vermelho e laranja foi até a estação e ficou esperando, achando que o trem logo viria. Uma hora, duas horas, e nada. Um dia inteiro e nada. No segundo dia ficou aborrecido. No terceiro dia xingou seus mestres, mas persistiu, imaginando ser um teste. No quarto dia, resolveu desistir, mas ao abandonar o seu posto indo em direção à saída, começou a observar as pessoas. Alguns estavam vestidos como ele e esperavam pelo mesmo trem. Outros eram pessoas comuns que esperavam outros trens, para seguirem suas vidas. Percebeu que alguns precisavam de ajuda. Uns estava perdidos, outros com fome, outros estava tristes porque um ente querido estava viajando para uma viagem muito longa. Resolveu ajudar no que podia. Aos poucos foi aprendendo a lidar com as necessidades de cada um e a espera pelo trem não se tornou um fardo e ele começou a aceitar que ele nunca viria. Até que um dia o trem apareceu e parou na estação. Percebeu que só ele via o trem. Mesmo as pessoas que estava esperando por ele não perceberam a sua presença. O controler do trem perguntou:
-- O senhor não vai embarcar?
O homem, desconfiado, perguntou:
-- Por que só eu vejo o trem?
O controler respondeu:
-- Porque só você teve compaixão.
O homem pôs o pé na escadinha e quando ia embarcar, olhou para trás e disse:
-- Não posso ir. Essas pessoas precisam de mim.
O controler sorriu e disse:
-- Tem mais algumas pessoas para quem o senhor deve dar ajuda, mesmo que eles não queiram.
-- O homem, intrigado perguntou:
-- Quem?
A resposta foi:
-- Os que, como você, se acham iluminados.
Alvaro Domingues - 06/02/2019
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